01 abril, 2014

Resenha: As Vantagens de Ser Invisível

Título: As Vantagens de ser invisível
Título Original: The Perks of being a wallflowers
Autor: Stephen Chbosky


Ao mesmo tempo engraçado e atordoante, As vantagens de ser invisível reúne as cartas de Charlie, um adolescente de quem pouco se sabe - a não ser pelo que ele conta nessas correspondências -, que vive entre a apatia e o entusiasmo, tateando territórios inexplorados, encurralado entre o desejo de viver a própria vida e ao mesmo tempo fugir dela.

As dificuldades do ambiente escolar, muitas vezes ameaçador, as descobertas dos primeiros encontros amorosos, os dramas familiares, as festas alucinantes e a eterna vontade de se sentir “infinito” ao lado dos amigos são temas que enchem de alegria e angústia a cabeça do protagonista em fase de amadurecimento. Stephen Chbosky capta com emoção esse vaivém dos sentidos e dos sentimentos e constrói uma narrativa vigorosa costurada pelas cartas de Charlie endereçadas a um amigo que não se sabe se real ou imaginário.
Íntimas, hilariantes, às vezes devastadoras, as cartas mostram um jovem em confronto com a sua própria história presente e futura, ora como um personagem invisível à espreita por trás das cortinas, ora como o protagonista que tem que assumir seu papel no palco da vida. Um jovem que não se sabe quem é ou onde mora. Mas que poderia ser qualquer um, em qualquer lugar do mundo.



Um livro sensível, essa é a definição que me vem a cabeça toda vez que penso sobre  “As Vantagens de Ser Invisível“. Charlie é um adolescente solitário,  introspectivo e cujo o melhor amigo cometeu suicídio recentemente.  

O Livro nos é apresentado de uma maneira pouco usual: Ele é narrada como se fosse uma grande coleção de cartas que Charlie decide escrever para um amigo anônimo com a finalidade de dividir suas primeiras experiências no ensino médio, onde decide que, pela primeira vez desde a morte de sua tia Helen e do seu amigo Michael, ira tentar “participar”.

“Querido amigo, estou escrevendo porque ela disse que você me ouviria e entenderia [...] Por favor, não tente descobrir quem ela é, porque você poderá descobrir quem eu sou, e eu não gostaria que fizesse isso [...] Só preciso saber que existe alguém que ouve e entende [...]”

Eu poderia descrever aqui o grosso da história e apontar o que gostei nos personagens de Chbosky e onde ele deixou a desejar, mas acho que isso não faria jus ao quanto a história me tocou. Na realidade, para mim, Charlie não passa de um personagens criado para representar o ser humano como um todo.


O livro aborda problemas que de uma forma ou de outra todos nós já nos deparamos, ou vamos nos deparar em nossas vidas. Problemas familiares, primeiro beijo, primeira transa, porres, cigarro, drogas, amores não correspondidos, falta de autoestima, necessidade de ser reconhecido e adorado e insegurança. E, com sutileza, nos é propostos a reflexão a partir dos pensamento inocentes e sinceros de Charlie.

“A única coisa que eu perguntei a meu pai foi sobre os problemas do garoto em casa. Se ele achava que os pais batiam no filho. Ele me disse para cuidar da minha vida. Porque ele não sabia e nunca perguntaria, e não achava que isso tinha importância.- Nem todo mundo tem uma história triste, Charlie, e mesmo que tivesse, isso não é desculpa.”

Ao longo da história vamos conhecendo vários personagens que possuem papéis decisivos na formação da personalidade de Charlie, como a sua irmã mais velha Candace com quem possui uma relação de tumulto e ternura e seu professor Bill que é uma imagem tanto paterna como um espelho do que Charlie, provavelmente, gostaria e irá ser no futuro.


“-Charlie, a gente aceita o amor que acha que merece.”

Mas é apenas quando Charlie conhece Sam e Patrick que há uma nítida mudança na vida do protagonista. É através dos irmãos que Charlie começa a ter reais experiências fora das vividas e observadas entre seus familiares e é quando passa a descobrir, de fato, mais sobre si mesmo.



A verdade é que tanto Sam e Patrick tiveram grande influência sobre Charlie como vice-versa. O Tipo de amizade-aprendizado que evolui com o tempo e que foi essencial para a formação de si mesmo.



Sem mais, o livro é excelente e, como já mencionado, me tocou de uma maneira singular. Por mais fluida e fácil que seja a leitura precisei de um tempo e uma calma para realmente digerir e absorver tudo que foi apresentado, ler as entre linhas sutis. Além de trazer dicas de músicas, filmes e livros de um ótimo bom gosto. O único ponto do livro que realmente me incomodou foi a rapidez com que o autor trabalhou a partir de determinado ponto do livro, partes importantes que foram deixadas vagas demais e motivos para justificar o por que do modo “esquesito” do Charlie, o que para mim, sinceramente, não era necessário. Charlie é o que é por que sua percepção do mundo é diferente. E Encantadora. E não por que foi vítima de algo no passado.

Charlie é singular.

Dei Cinco estrelas e com toda certeza meu carinho. Será um daqueles livros que vou reler incontáveis vezes. 



“Então, essa é a minha vida. E quero que você saiba que sou feliz e triste ao mesmo tempo, e ainda estou tentando entender como posso ser assim.”

P.S.:  O livro virou filme em 2012. O Trailer segue abaixo







4 comentários:

  1. Sou apaixonada pelo livro, em principal Charlie. É impossível para mim não admira-lo, sem falar que você se torna amigo do personagem a partir do momento em que começa a recebe-las. E o filme? Um complemento de tudo aquilo que li <3

    Um Spoiler A Mais | Promoção Desapego Literário

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  2. Desde a época do lançamento do filme tenho interesse nesse livro, já que foram inúmeras resenhas positivas, como a sua, que me deram a certeza de que seria um livro inesquecível, como tantos outros semelhantes. Só não assisti ao filme ainda por preferir realizar a leitura.

    Obrigado pela visita. Parabenizo e desejo muito sucesso com seu blog!
    Beijos,
    Ricardo - www.overshockblog.com.br

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  3. Me interessei pela história pelo simples fato do filme ser com a Emma. Me encantei logo de cara! Vi o filme primeiro e depois comprei o livro. Ele se tornou um dos meus preferidos, e eu sou apaixonada pelo Charlie. Me identifico e tento usa-lo pra me lembrar que apesar de passar por situações ruins as vezes, tem sempre alguem que ama a gente pra tentar melhorar as coisas e que a dor e a tristeza acabam indo embora... Me ajuda muito e to pensando em ler pela terceira vez hehehe. As vezes até digo que se fosse pra casar com um personagem seria o Charlie, porque a doçura e a inocência dele me encantam...

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  4. Hey Julie,
    Vi o seu comentário lá no blog e resolvi dar uma passadinha.
    Apesar de que, já sou uma frequentadora itinerante aqui do Feitas de Papel.
    Amo a maneira que se dedicam à resenhas, opiniões pessoais e o quão (não me considere fútil) bonitos são os posts (apaixonada por gifs, kk).
    Adicionei o feitas de papel à minha listinha de blogs que valem a pena (que só cresce, rs). Se puder retribuir, agradeceria.

    Beijos,
    Eve C. Maia
    http://livroticosnadaanonimos.blogspot.com.br/

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