01 fevereiro, 2016

Resenha: Prometo Falhar

Título: Prometo Falhar
Autor(a): Pedro Chagas Freitas
Gênero: Drama
Nro Páginas: 400
ISBN: 9788581637495
Editora: Novo Conceito
Obs: Este livro foi cedido em parceria com a Editora para resenha.

Sinopse: Prometo Falhar é um livro que fala de amor. O amor dos amantes, o amor dos amigos, o amor da mãe pelo filho, do filho pela mãe, pelo pai, o amor que abala, que toca, que arrebata, que emociona, que descobre e encobre, que fere e cura, que prende e liberta. Em crônicas desconcertantes, Pedro convida o leitor a revisitar suas próprias impressões sobre os relacionamentos humanos.
A linguagem fluida, livre, sem amarras, faz querer ler tudo de uma vez e depois ligar para o autor para terminar a conversa . Medo, frustração, inveja, ciúme e todos os sentimentos que nos ensinaram a sufocar são expostos sem pudores. Mergulhe de cabeça numa obra que mostra que é possível sair ileso de tudo, menos do amor. Você escolhe a ordem em que vai ler as crônicas do jovem escritor que tem 21 obras publicadas e é sucesso de vendas em Portugal.
Prometo Falhar foi o livro mais vendido de Portugal em 2014 e chega ao Brasil com mais de 100 mil cópias vendidas na edição portuguesa.




Prometo Falhar é um livro do escritor português, Pedro Chagas Freitas, que faz muito sucesso em Portugal. O livro é composto por uma espécie de "contos" pequenos, sem conexão entre os mesmos.

Os “contos” possuem em médias duas páginas, os menores possuem uma página (frente e verso) e os maiores, quatro páginas. Me surpreendi com o modo de escrita de Pedro Chagas, por ser completamente diferente de tudo que já li, o que de certa forma me incomodou e deixou a leitura um pouco mais lenta.

O autor se mostra bastante irreverente, sem “papas na língua”. Por vezes o texto contém uma linguagem, um pouco xula, a narrativa é curta, mas não necessariamente direta, por vezes os “contos” são narrados por uma descarga de pensamentos, o leitor consegue, literalmente, entrar na mente do autor no decorrer da leitura.

O autor expõe todas as formas de amor e os dois lados da moeda de amar e ser amado. Este é o tipo de livro que deve ser consumido paulatinamente. Ao mesmo tempo que há uma ferocidade na linguagem, o autor também consegue encantar com sua essência poética.

Por ser um tipo de livro que não costumo ler, foi uma leitura bastante na média, mas que não deixou de ser interessante e ter seu mérito. O autor, de certa forma, consegue encantar com seu estilo, apesar de tudo, com seu jeito único e diferente de contar histórias.

Prometo Falhar mostra o amor em todas as suas facetas e formas, e que as vezes, nem tudo são flores. Esse livro nos mostra que as vezes precisamos falhar para conseguir acertar.



12 janeiro, 2016

Resenha: Eu te Darei o Sol

Título: Eu te Darei o Sol
Autor(a):
Gênero: Drama
Nro Páginas: 384
ISBN: 9788581636467
Editora: Novo Conceito
Obs: Este livro foi cedido em parceria com a Editora para resenha.

Sinopse:
Noah e Jude competem pela afeição dos pais, pela atenção do garoto que acabou de se mudar para o bairro e por uma vaga na melhor escola de arte da Califórnia.
Mal-entendidos, ciúmes e uma perda trágica os separaram definitivamente. Trilhando caminhos distintos e vivendo no mesmo espaço, ambos lutam contra dilemas que não têm coragem de revelar a ninguém.
Contado em perspectivas e tempos diferentes, EU TE DAREI O SOL é o livro mais desconcertante de Jandy Nelson. As pessoas mais próximas de nós são as que mais têm o poder de nos machucar.



Eu te Darei o Sol é uma história sobre dois irmãos, e ao mesmo tempo tempo, sobre a linha tênue entre o amor e o ódio, e como a morte pode afetar as pessoas. Definitivamente, é um livro cheio de peculiaridades, mas são essas peculiaridades que o fazem um livro tão único e capaz de despertar diversas emoções no leitor.

A realidade é avassaladora. O mundo é um sapato apertado. Como as pessoas aguentam?
Noah e Jude, sendo que, Noah irá narrar o passado, quando o distanciamento entre os irmãos não havia ocorrido e Jude nos apresentará o presente, e ao longo da história, a narrativa dos dois se encontra.
Noah e Jude são personagens muito diferentes, mas ao mesmo tempo comuns, pessoas que você poderia conhecer no decorrer da sua vida e pessoas com o qual os leitores podem facilmente se identificar.

Um detalhe que me incomodou foi o fato dos capítulos se estenderem bastante, o que acabou tornando o início da leitura mais lenta e cansativa, capítulos estes que muitas vezes se estendiam por cinquenta e poucas páginas. A autora poderia ter divido mais os capítulos, para dar uma quebra um pouco maior. A história demora para alavancar, o que não a deixa ser menos interessante, pois a história a ser contada vale a pena ser lida.

Jandy Nelson conseguiu explorar muito bem a relação entre os familiares, e entre os próprios irmãos. Gostei do fato de que mesmo tendo romance, foi na medida certa, nada que destoe da história principal e que, ao mesmo tempo, tem uma certa importância e influência dentro da história.

Encontrar sua alma gêmea é como entrar numa casa onde você já esteve - você vai reconhecer a mobília, os quadros na parede, os livros nas prateleiras, as coisas nas gavetas: você é capaz de se localizar no escuro se precisar.

Jandy Nelson conseguiu criar personagens incríveis, com personalidades fortes e até mesmo maduras, para as idades dos mesmo, mas nada fora de nexo. Ao mesmo tempo fui surpreendida pela narrativa no decorrer do livro, principalmente com os capítulos de Noah, que tem uma pureza extremamente singela; me senti completamente imersa em suas descrições. Os capítulos de Jude, no começo, podem gerar uma certa estranheza, mas no decorrer do livro o leitor se acostuma a essa estranheza.

Porque, para mim, viver é perceber que se está no trem errado indo na direção errada, sem que se possa fazer nada quanto a isso.

Me agradou bastante poder ter visto o desenvolvimento de ambos personagens e ter conseguido entender os motivos por trás de cada atitude tomada por eles. Eu te Darei o Sol é, definitivamente, uma história bem finalizada, foi muito satisfatório pode ver que todos os detalhes, alguns que o leitor pode até não considerar importante, se encaixando perfeitamente.

Eu te Darei o Sol é de uma sensibilidade incrível, é um livro repleto de reflexões maravilhosas sobre tudo nos cerca: o amor, o luto, a arte, sobre nós mesmo e sobre a vida. Este livro nos mostra que as vezes nem tudo que parece imutável, está perdido, você só precisa lutar por ele.






02 novembro, 2015

Resenha: Laranja Mecânica


Título: Laranja Mecânica
Autor: Anthony Burgess
Editora: Aleph

Sinopse: Narrada pelo protagonista, o adolescente Alex, esta brilhante e perturbadora história cria uma sociedade futurista em que a violência atinge proporções gigantescas e provoca uma reposta igualmente agressiva de um governo totalitário. A estranha linguagem utilizada por Alex - soberbamente engendrada pelo autor - empresta uma dimensão quase lírica ao texto. Ao lado de "1984", de George Orwell, e "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, "Laranja Mecânica" é um dos ícones literários da alienação pós-industrial que caracterizou o século XX. Adaptado com maestria para o cinema em 1972 por Stanley Kubrick, é uma obra marcante: depois da sua leitura, você jamais será o mesmo. Agora em nova tradução brasileira.


Como Burgess conseguiu fazer eu me importar com Alex? Eu não sei. Mas Laranja Mecânica com certeza acaba de se tornar um dos meus livros favoritos.

Alex é inteligente, manipulador e culto. Tem uma família equilibrada, vive em uma condição financeira confortável e tem acesso a educação. Mas se diverte roubando, agredindo pessoas, estuprando e ouvindo música clássica. Ele sabe exatamente o que é certo e o que é errado, e por que ele é um criminoso? Como ele mesmo diz, porque ele gosta. Ele gosta de ver as pessoas desesperadas, sangrando, apavoradas. Alex é o nosso narrador nesse universo futurista de Anthony Burgess, um adolescente adepto do dialeto nadsat (as gírias dos jovens da “época”), praticante compulsivo da ultra violência e quando lhe convém pode se comportar como um rapaz bondoso e educado, o que para ele é só mais um meio de se proteger dos miliquinhas (a polícia). Porém, ele se engana ao achar que as consequências não o alcançarão: Alex é preso e sua melhor (e única!) alternativa de recuperar a sua liberdade constitui aceitar ser cobaia de um experimento cientifico de recuperação de tipos criminosos. Desesperado para sair da prisão, aceita e assina os devidos termos, mas ele não chegou a imaginar o quanto esse experimento poderia mudá-lo.

“Bondade é algo que se escolhe. Quando um homem não pode escolher, ele deixa de ser humano.”

O primeiro item a ser falado quando se discute essa obra maravilhosa é a escrita e a linguagem usada por Anthony Burgess. Todas as tribos urbanas possuem suas próprias gírias, emos, góticos, punks, surfistas, hippers… Pensando nisso, Burgess decidiu implementar as gírias no vocabulários dos personagens que representam essa tribo de adolescentes delinquentes, em uma tentativa de dar mais verossimilhança. Mas mais do que inserir gírias, ele criou todo um novo leque de palavras que seriam usadas por esses delinquentes do futuro, o que foi uma sacada genial. A experiência de ler o livro através da mente do Alex com aquela porção de expressões que nunca ouvi falar é indescritível. No início, foi enfadonho, mas depois fiquei curiosa e vinte páginas depois já estava assimilando alguns neologismos a palavras conhecidas e fui aprendendo as gírias. E mesmo horas depois de terminar de ler o livro, tem essas palavras nadsat flutuando na minha mente como horror show, litso, plotis… A sensação que passa é que, de fato, aquilo tudo é real.
Em contra partida, o desenrolar da história é muito dinâmico. O eventos ocorrem sem enrolação, sem prolongamentos desnecessários, o que me colocou em um ritmo frenético de leitura. É muito saborosa a leitura, mesmo com o desconforto de não conhecer muitas das palavras do narrador (e para quem quiser ler e não tiver muita paciência com os neologismos, na edição brasileira tem um glossário da nadsat).

“Eu, eu, eu. E eu? Onde é que entro nisso tudo? [...] Será que serei apenas uma laranja mecânica?”

Agora, falando do protagonista… Alex é uma figura extremamente curiosa. Um personagem complexo, de uma inteligência gigantesca e que surpreende (muito!). Teve momentos que me senti meio bipolar lendo, porque ao mesmo tempo que eu desejava que ele se desse muito mal, um outro lado meu despertava uma compaixão absurda que se eu pudesse ninava ele no colo. Então, definitivamente, o Alex foi para mim um personagem de amor/ódio e, mesmo concluído a leitura, não consigo não sentir raiva dele e não ficar sem suspirar por ele.
As mensagens deixadas no livro pelo Burgess também são muito legais, me fez pensar muito no mundo em que vivemos, no que podemos fazer para nos sentirmos um pouco mais seguros e quais devem ser os nossos limites como seres humanos em todo esse contexto de terror e violência. Isso me tocou muito durante a leitura e posso dizer que Burgess “tocou a ferida” da sociedade atual, mas essa é parte que mexe mais com os sentimentos e pensamentos do leitor, então vou reservar as minhas conclusões para não interferir na de ninguém que está lendo essa resenha, porque esse realmente é um momento muito especial da leitura do Laranja.

“Cada homem mata a coisa que ama, como dizia o poeta-prisioneiro.”

Por fim, após muitas emoções e de já estar exaurida emocionalmente, o desfecho da obra foi algo feito para aliviar o leitor. E mesmo com a surpresa de uma esperança emergente logo ali no finalzinho, fiquei um pouco decepcionada. Desde o início a história foi apresentada com tanta veracidade mesmo sendo ficção-científica, que quando acabou não acreditei que Burgess realmente elaborou um final tão utópico. A solução é tão simples que é surreal, e acabou amortecendo o impacto de todos os acontecimentos da história. É quase como se o autor tivesse desconstruído em um ano o que ele gastou 20 anos para construir.
De qualquer forma, Laranja Mecânica é um dos livros que mais gostei de ler e que pretendo recomendar para todo mundo que cruzar o meu caminho.

Se já leu, deixe o seu comentário e suas opiniões, adoraria saber o que você achou e se tem mais alguém com uma paixonite pelo Alex(!!!).


15 outubro, 2015

Resenha: Beleza Perdida

Título: Beleza Perdida
Autora: Amy Harmon
Editora: Editora Verus
Sinopse: Ambrose Young é lindo — alto e musculoso, com cabelos que chegam aos ombros e olhos penetrantes. O tipo de beleza que poderia figurar na capa de um romance, e Fern Taylor saberia, pois devora esse tipo de livro desde os treze anos. Mas, por ele ser tão bonito, Fern nunca imaginou que poderia ter Ambrose… até tudo na vida dele mudar.
Beleza perdida é a história de uma cidadezinha onde cinco jovens vão para a guerra e apenas um retorna. É uma história sobre perdas — perda coletiva, perda individual, perda da beleza, perda de vidas, perda de identidade, mas também ganhos incalculáveis. É um conto sobre o amor inabalável de uma garota por um guerreiro ferido.


Fern Taylor é uma adolescente sonhadora e amante incondicional dos livros, mas Fern é muito insegura e pensa que nunca será notada por não ser bonita. Ela passa boa parte de seu tempo cuidando de seu primo e amigo Bailey. Bailey é um garoto que vive em uma cadeira de rodas e perdeu o movimento de metade de seu corpo, porém a sua coragem e sua franqueza é maior do que a maioria das pessoas.

Fern nunca teve muitos amigos e só pode compartilhar o amor que sente por Ambrose Young com seu amigo Bailey. Fern acha que se envolver com Ambrose não passa de um sonho, ele não é pro bico dela. Ambrose é definitivamente o herói do colégio, já não bastava ser o lutador mais promissor da equipe de luta livre da escola, a sua beleza é tão grande quanto sua força.

Quando o trágico atentado de 11 de Setembro acontece tudo muda nas vidas dos formandos do colégio. Ambrose decide se alistar e convence seus inseparáveis amigos a acompanha-lo na Guerra do Iraque. Mas, todas as suas expectativas são destruídas quando um bombardeio atinge Ambrose e seus amigos pouco antes de terminarem sua missão.

A notícia atinge toda a cidade, e Ambrose agora precisa viver com a perda de seus melhores amigos e com as marcas que a tragédia deixou em seu rosto, o transformando em uma pessoa totalmente diferente. A beleza que lhe fora roubada lhe atormenta junto com a culpa e a saudade. A única pessoa que agora pode lhe ajudar a se recuperar é Fern que ainda continua apaixonada por ele mesmo depois de tanto tempo.

Por um momento ao início da leitura eu cheguei a pensar que essa história seria mais uma narrativa "clichézada" sobre amor e beleza. Mas, aos poucos a história foi me conquistando e o livro consegue passar uma mensagem bonita e verdadeira de uma forma bem simples.

O que me incomodou um pouco ao longo da história era o fato de os personagens por vários momentos serem inocentes demais para a idade que tinham. Mas, por um outro lado, essa seria a intenção da autora, para uma história singela nada mais apropriado do que personagens singelos e gentis. Ao contrário do que se pode parecer a grande beleza por trás deste livro é o fato de ser uma história simples com tantos significados por dentro.

A autora consegue usar pequenos fatos que vemos na vida para mostrar que as pessoas são bonitas pra nós a partir do que elas verdadeiramente são e significam para nós, e não por causa de meros detalhes físicos.

"Às vezes, a beleza ou a falta dela se torna um obstáculo para realmente se conhecer uma pessoa."


Toda a delicadeza de "Beleza Perdida" toca o leitor e o convence de que o amor é muito maior do que pensamos e que a aparência física nem chega perto disso.
A história de Bailey, o melhor amigo de Fern, também chama a nossa atenção, e é um dos personagens mais cativantes da história, através dele observamos que as limitações físicas ou a aparência não é um empecilho pra ser um verdadeiro herói, afinal, até os heróis tem as suas fraquezas.


07 outubro, 2015

Resenha: O Doador de Memórias


Título Original: The Giver
Título: O Doador de Memórias
Autor: Lois Lowry
Editora: Arqueiro

Sinopse: Em O doador de memórias, a premiada autora Lois Lowry constrói um mundo aparentemente ideal onde não existem dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não há amor, desejo ou alegria genuína. Os habitantes de uma pequena comunidade, satisfeitos com a vida ordenada, pacata e estável que levam, conhecem apenas o presente o passado e todas as lembranças do antigo mundo lhes foram apagados da mente. Um único indivíduo é encarregado de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis. Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz ideia de que seu mundo nunca mais será o mesmo. Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar.


O meu primeiro contato com o Doador de Memórias foi o filme e mesmo já sabendo o que esperar da história, o livro me surpreendeu e me deixou bastante satisfeita e curiosa com a escrita estupenda de Lois Lowry.

Jonas tem onze anos e é mais um membro de uma Comunidade perfeita, onde não existem desigualdades, todos têm seu papel muito bem determinado, as regras são rígidas, mas necessárias e respeitadas por todos. Porém, quando chega a Cerimônia anual, o dia em que Jonas será nomeado um Doze e receberá a sua esperada Atribuição, a vida dele muda completamente.
Ele não recebe nenhuma Atribuição, na verdade ele é Escolhido pelos Anciões como sendo o novo Recebedor, um cargo de alta honraria que é exercido por um único indivíduo, o trabalho que torna possível a existência da Comunidade da forma que ela é.

O Recebedor possue todos o segredos e memórias do mundo, de como ele era no passado; uma única pessoa guardando para si as memórias de todo o mundo a fim de resguardar as pessoas das dores e das incertezas causadas por elas. No início, para Jonas todas as memórias são incríveis, mas isso é porque até então só recebeu as boas. Ao longo do seu treinamento de Recebedor, ele irá enfrentar memórias fortes e reveladoras que o farão questionar as regras e a Comunidade asséptica em que vive.

A escrita de Lowry é fluida e prazerosa de ler, o que dar uma sensação de rapidez no desenvolvimento dos acontecimentos, e o que se parece ocorrer em poucas semanas se passam na realidade ao decorrer de um ano, e 50 páginas são consumidas como se fossem apenas 5. Isso me prendeu ao livro e só consegui parar quando de fato cheguei ao final. Além disso, as características da Comunidade e suas regras, a forma como tudo é controlado, a padronização comportamental, o significado grandioso que tem cada mínimo detalhe do cotidiano daquelas pessoas; isso tudo me deixou maravilhada.

“Compreende que isto é a minha vida? As lembranças?”

Lowry realmente conseguiu criar uma sociedade distinta e funcional, complexa e com uma discrição minunciosa e, admito, que me esforcei para encontrar alguma falha ou algo mal explicado, lacunas e pontas soltas. E, para minha surpresa, o que a primeira vista pareceu uma lacuna gigantesca, na verdade poderia muito bem ter sido posto ali de propósito para fazer o leitor desenvolver a história junto com a autora, porque, afinal, a história só conta o ponto de vista de Jonas e fica bem claro que ele ainda está descobrindo a verdade, a realidade.

O protagonista, Jonas, é um personagem de características genéricas. Bonzinho, honesto e alegre. Mas tem uma característica essencial para a história: curiosidade. É a curiosidade que impulsiona Jonas a descobrir cada vez mais sobre a verdade por trás da perfeição de seu mundo e que transforma ele em um personagem corajoso e até um pouco inconsequente. Entretanto, Jonas está ali apenas para nos mostrar o desenvolver da história e fazer as coisas acontecerem, enquanto o foco de fato é a Comunidade e os questionamentos sobre o que é ser humano. Adorei que o eixo, nesse livro, realmente fosse a história e não o personagem principal; confesso que já estava exausta de histórias criadas apenas para ambientar uma arrebatadora história de amor.

“O rapaz suspirou. Sua cabeça pendeu para trás, a mandíbula soltou-se como se algo o surpreendesse [...] e aprendeu o significado da guerra.”

Embora esteja fascinada como o livro, o desfecho da história não surpreende, o que me incomodou no ato da leitura, mas pelo currículo de Lois Lowry estou tentando descobrir qual a verdadeira intenção dela com aquele final. Diria que esse seria um ponto negativo da obra, mas me questiono se não seria exatamente isso o que a autora quis. Minha impressão é que Lowry resolveu deixar que nós (leitores) criássemos o nosso próprio final, sem deixar um final grandioso, mas nos entregando um final que vai ficar para sempre em nossos questionamentos, ou pelo menos é o que tem ocorrido comigo.
Preciso deixar claro que O Doador de Memórias não é um livro de ação, com grande batalhas e insurreições, embora seja uma distopia (publicado em 1993, essa obra foge da ideologia de distopias como Jogos Vorazes e Divergente). A maior e significativa batalha ocorre dentro do protagonista e dentro do leitor. Pessoalmente, em vários momentos me peguei amando e desejando uma sociedade como a de Jonas, em outros realmente fiquei horrorizada com os seres apáticos e frios da Comunidade. Então acho que talvez a grande intenção de Lowry não fosse contar uma história e conquistar fãs, mas bater de frente com os valores pré determinados do leitor e fazê-lo questionar o mundo a sua volta, dentro do universo do Doador ou fora dele.

“Pela primeira vez escutou algo que sabia ser música. Ouviu pessoas cantando.”

E por esse grande enigma que deixou na minha cabeça e as cadeias de pensamentos que esse romance me proporcionou, dou cinco estrelas a O Doador de Memórias, mesmo sofrendo com as perguntas sem respostas.

08 setembro, 2015

Sites e Aplicativos para quem ama Séries


Quem nunca esqueceu em qual episódio parou? Ou até mesmo pegou um spoiler tentando descobrir em qual episódio parou? Ou esqueceu/não sabia quando a série ia voltar? É por esse e outros motivos que comecei a usar alguns sites e aplicativos para me auxiliar.

- OrangoTag:
O primeiro site que irei indicar é o OrangoTag, por muito tempo usei ele, ainda continuo usando, mas não o atualizo com tanta frequência. Apesar disso lá deixo TODAS as série que vi, deixei pela metade ou que estou vendo.
O site tem uma interface bem simples, nele você pode marcar os episódios vistos, ver quando passará o próximo episódio, além de ser um ótimo jeito de interagir com outras pessoas sobre séries ou sobre cada episódio da mesma.

Uma das coisas que mais amo nesse site! ^
 Mas Gabi, e os spoilers? O que acho mais incrível desse site é o fato de podermos indicar quando tem spoiler, tanto nos nossos posts quanto nos dos outros. Só tem duas coisas que me incomodam nesse site: 1) Vez ou outra o site resolve não marcar de jeito nenhum os episódios vistos e 2) O fato de não ter aplicativo.

TvShow Time:
 Devido aos dois motivos citados anteriormente, decidi sair a procura de um aplicativo para marcar os episódios visto quando o OrangoTag não estivesse funcionando, eis que conheci o TvShow Time e só depois descobri que também havia o site. Ao contrário do OrangoTag, ele possui uma interface maravilhosa, bem mais atrativa e possui várias vantagens, dentre elas ter aplicativo. Confesso que uso mais o aplicativo e acho ótimo pois ele avisa uma hora antes quando vai ter episódio novo, e depois 10 minutos antes do episódio começar (o que é ótimo para quem acompanha Game of Thrones), quantos horas você gastou assistindo séries (eita), além de várias outras coisas que deixam o aplicativo muito mais divertido.



O site mostra os idiomas que já têm legendas disponíveis para download, e você pode baixar por lá mesmo.
 (Alguém anda meio atrasada nas séries, cof cof.)
Contando os dias

 Imagens do Aplicativo do TvShow Time:



Claro que possuem vários outros sites no mesmo estilo como Banco de Séries, mas os dois acima foram os únicos que usei, gostei e indico. Gostaram das dicas? Quais sites e aplicativos vocês usam? Não deixem de me contar nos comentários.

02 setembro, 2015

No mundo dos Quadrinhos: Top 5 Hq’s

Meu amor por HQs (histórias em quadrinhos) veio desde a infância, mas naquela época meu contato era extremamente raso por dois motivos. Primeiro, os gêneros que me interessavam eram todos de super heróis e por esse tipo de literatura ser taxada como na época (e até hoje temos disso, infelizmente!) masculina, raramente meus pais me deixavam comprar as revistas. Segundo, porque moro em uma cidade muito mal suprida de artigos de cultura pop e na época internet era artigo de luxo, então o acesso era dificílimo. Então, meu acervo de HQ’s lidas não é muito extenso (ainda!), mas é o suficiente para eu citar aqui algumas das minhas preferidas e, quem sabe, empolgar alguém a começar um caminho por esse tipo de literatura. Vamos ao meu Top 5! (Só lembrando que a seleção é por favoritismo pessoal!!)


5- Guardiões da Galáxia (Marvel)
Esta é a resvista que deu origem ao filme homonimo de 2014. Existe mais de uma formação da equipe de super heróis Guardiões da Galáxica, mas eu só li as HQ’s da formação mais recente que conta com Peter Quil na liderança, a poderosa (e diva!) Gamora, o austero Drax, o gênio e psicopata Rocket e o adorável e poderoso Groot. Essa é uma das minhas preferidas por dois grandes motivos. Os personagens são realmente incríveis, muito bem construídos e caracterizados, embora sejam cinco protagonistas, todos se destacam muito bem, além de todas as revistas serem muito bem humoradas e divertidas. Outro ponto importante é que logo no primeiro número da HQ aparece um dos meus personagens preferido do Universo Marvel: Tony Stark (Homem de Ferro). E não para por aí. Ao desenrolar da história muitos outros personagens muito conhecidos do mundo Marvel aparecem levando momentos incríveis de conflito, muita ação e comicidade. Para quem é fã da Marvel, ler algumas HQ’s ou todas, ou só assistiu os filmes, a leitura do Guardião das Galáxias está super recomendada e se você viu só o filme dos guardiões e acha que é o suficiente, infelizmente tenho que dizer que o filme não foi fiel nem mesmo na essência da história original.


4- Arawn (French)
Arawn foi meu primeiro contato com HQ europeia e o estilo me deixou encantada e apaixonada. Quem nunca leu HQ ou nunca leu as europeias devo dizer que vale muito a pena! Tem histórias muito maduras, míticas, fortes, resumindo, tem para todo gosto. Mas Arawn, em especial, é uma daquelas histórias em que o protagonista é ao mesmo tempo o mocinho e o vilão. Os personagens, inclusive o próprio Arawn, são muito humanizados na questão do caráter e da personalidade, é impossível conseguir definir se um personagem é bom ou mau, ele é apenas humano e isso é algo que valorizo muito em qualquer literatura. A HQ, em si, vai contar a história do “nascimento” de um deus, Arawn, que é basicamente o deus do caos, um deus que realmente existiu na mitologia Celta. E apesar de ser mitológica, a história se desenvolve com veracidade e maturidade, com cenas fortes e até pude perceber uma referência a Shakespeare que me deixou de queixo caído. Quem gosta histórias no estilo Crônicas de Gelo e Fogo (George R.R. Martin), vai se divertir muito lendo Arawn.


3- Kick-Ass (Marvel)
Kick-Ass também ganhou adaptação cinematográfica recentemente com o ator Aaron Johnson como protagonista e só depois que assisti ao filme descobri que existiam as HQ’s. Eu gostei muito do filme, mas sei que ele não agradou muita gente, então se você não gostou do filme provavelmente não gostará das revistas. Para quem nunca ouviu falar, Kick-Ass conta a história do adolescente Dave Lizewski, um fã de histórias em quadrinhos, especialmente dos títulos da Marvel, que sempre sonhou em ser um super herói. Então um dia ele tem a nada brilhante ideia de se tornar um super herói da vida real, veste uma fantasia ridícula e sai as ruas para garantir a segurança pública. A experiência é desastroza, afinal Dave é só um garoto nerd, magro e fraco sem nenhuma habilidade de luta ou equipamento de combate válido. Mas ele não desiste e acaba por adotar o codinome de Kick-Ass (o chutador de bundas, em tradução livre). Em geral, é uma leitura para te fazer rir, mas o humor predominante é mórbido e violento. Admito que as vezes o excesso de imagens violentas me incomodou, algumas coisas pareceram desnecessárias, mas também existem conflitos na história que vai além só da exposição da violência e que deram a história um quê de profundidade. Gostei muito de como o crescimento e amadurecimento do Dave se deu durante a história, ele comete erros e aprende com os erros, ele sofre as consequências de seus atos de uma forma muito sentida e sofrida. Existem dramas familiares, alguns focos de romance e sexualidade, e principalmente a questão do heroísmo em uma sociedade tomada pela criminalidade. Se eu me extender mais defendendo Kick-Ass vou acabar tendo que fazer um post só para falar disso porque realmente sou apaixonada por esta HQ.


2- V de Vingança (Vertigo)
Só tenho uma coisa para dizer sobre V de Vingança: Sensacional! A HQ está dividida em 3 tomos unidos em um único livro, então rapidamente dar para concluir a leitura. E a leitura me deixou esbaforida, as falas são muito inteligentes e muito bem elaboradas, todas as cenas parecem ser muito bem pensadas e as imagens são muito bem compostas. Essa é uma HQ com temática política e social, o tipo de tema que eu adoro, com um personagem extremamente enigmático e complexo, o V. Se eu falar mais do que isso vou acabar soltando spoilers fortíssimos e eu acho que todo mundo deveria ler V de Vingança com uma certa ingenuidade, porque é uma literatura que causa impacto no leitor e quanto menos você souber mais gostosa vai ser leitura e vai ficar muito mais envolvido. Essa é com certeza a HQ que eu mais recomendo! Se você não gosta de HQ, tenta abrir uma exceção e ler V de Vingança.



1- O Espantoso Homem-Aranha (Marvel)
O título brasileiro é um tanto esquisito, pelo menos para mim, que sempre pensei que fosse Espetacular (como no desenho) e não Espantoso. Mas é a primeira série de HQ’s do Homem Aranha, a antigona mesmo! E como esse post deixa claro, eu sou Team Marvel (embora também goste da DC) e foi a partir do Cabeça de Teia que mergulhei no Universo Marvel. O Homem Aranha é meu super herói preferido e a história dele eu acho que todo mundo conhece. Peter Parker acidentalmente ganha os poderes de uma aranha que acaba se transformando no super herói da vizinhaça, mas como ele deixa de ser o garoto gênio e solitário para ser um herói de fato, com todos os valores e responsabilidade? Na HQ mostra um Peter Parker inicialmente muito egocêntrico, ajudar as pessoas não é algo que ele faz por heroismo, mas por benefício próprio, seja para não ficar com a consciência pesada seja para ganhar dinheiro e fama. Só depois de algum tempo o Herói de verdade vai aparecer, enfrentando diversos vilões, com vários problemas pessoais e alguns interesses amorosos. A HQ é bem antiga e por isso visualmente pode não ser muito interessante, mas a leitura é ótima, o Peter é um personagem muito complexo nas HQ’s, com uma personalidade marcante e muito duvidosa, diferente do que o cinema tem mostrado. Tem momentos que você vai torcer pelo Peter, outros que você não vai torcer tanto porque ele consegue ser bem nojentinho as vezes, mas também vai ter momentos de profunda carga emocional e você vai sofrer e enlouquecer junto com Peter. No entanto, como tudo na Marvel, também existe em O Espantoso Homem-Aranha um grande viés cômico, afinal Peter é um jovem bem-humorado e extremamente sarcástico. Essa HQ resumi o que foi minha infância e eu não li ela na infância, comecei a ler na adolescência e sou uma quase-adulta que lê Homem Aranha e adora, então está recomendadíssimo.

Se você já leu algum desses títulos por favor comente aqui suas impressões, principalmente se não gostou! Adoro entrar em contato com opiniões diferentes das minhas, ver o que você percebeu que eu não percebi ou o que te incomodou. E quem se interessou por algum desses títulos, boa leitura! Espero que goste e volte aqui para comentar mais!

 
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