01 agosto, 2015

Resenha: Cartas de Amor Aos Mortos


Título: Cartas de Amor Aos Mortos
Autora: Ava Dellaira
Sinopse: "Tudo começa com uma tarefa para a escola: escrever uma carta para alguém que já morreu. Logo o caderno de Laurel está repleto de mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Heath Ledger, Judy Garland, Elizabeth Bishop… apesar de ela jamais entregá-las à professora. Nessas cartas, ela analisa a história de cada uma dessas
personalidades e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes.
Ao mesmo tempo, conta sobre sua própria vida, como as amizades no novo colégio e seu primeiro amor: um garoto misterioso chamado Sky. Mas Laurel não pode escapar de seu passado. Só quando ela escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã é que poderá aceitar o que aconteceu e perdoar May e a si mesma. E só quando enxergar a irmã como realmente era — encantadora e incrível, mas imperfeita como qualquer um — é que poderá seguir em frente e descobrir seu próprio caminho."


O livro é narrado através de cartas escritas por Laurel, numa espécie de diário sobre a sua vida. Laurel é uma jovem garota que acabou de entrar no ensino médio, e tem com tarefa de aula escrever uma carta para alguma personalidade que tenha falecido. Sua primeira carta é dirigida ao Kurt Cobain, um dos seus músicos favoritos. Através das cartas, Laurel desabafa sobre seus maiores medos e a dor da perda de sua irmã May, que faleceu há um ano atrás.

As cartas acabam se tornando uma fonte de auto-conhecimento para Laurel, que além de perder a irmã, também tem de enfrentar a separação dos pais e a partida da mãe, deixando-a apenas com a companhia diária de suas duas melhores amigas, Natalie e Hannah. Mesmo com novas amigas a fortalecendo, Laurel ainda esconde muitas traumas e tristezas devido a algo que aconteceu na noite em que May morreu.

Conhecemos a história de Laurel aos poucos, e automaticamente é impossível não se sensibilizar com ela. Laurel ainda é uma menina frágil, que está tentando se descobrir em meio a tantas dores. A narrativa mantêm uma linguagem poética diante das emoções e as indagações de Laurel à morte de May. O livro capta toda as fases transitivas da perda de alguém amado. Podemos acompanhar o sofrimento, a raiva, a culpa, e o perdão como se estivéssemos dentro de Laurel.

A história de Laurel é tão profunda e sincera que diversas vezes temos a vontade de se colocar no lugar dela e tentar ajuda-la. Quem perdeu alguém próximo vai se identificar muito com este livro, mas mesmo quem nunca passou por uma situação parecida, é impossível não se emocionar com a beleza das palavras de Laurel.

Durante o luto, Laurel tenta o tempo todo suprir a falta de sua irmã com outras coisas e outras pessoas, até mesmo tenta se parecer com May pra suprir a sua falta e a culpa que sente por não ter impedido a sua partida. Mas, com o tempo Laurel aprende o verdadeiro passo para a superação: o perdão. Laurel aprende a perdoar May e perdoar à si mesma por acontecimentos do passado. E aprende que ninguém pode salva-la da dor além dela mesma.

"Você pode achar que quer ser salva por outra pessoa, ou que quer muito salvar alguém. Mas ninguém pode salvar ninguém, não de verdade. Não de si mesmo. Você pega no sono no pé da montanha, e o lobo desce. E você espera ser acordada por alguém. Ou espera que alguém o espante. Ou atire nele. Mas, quando você se dá conta de que o lobo está dentro de você, é quando entende. Não pode fugir dele. E ninguém que ama você consegue matar o lobo, porque ele faz parte de você. As pessoas vêem seu rosto nele. E não vão atirar."

Aprendi com este livro que muitas vezes quando passamos por um momento difícil, quando perdemos alguém, até mesmo alguém que tenha simplesmente ido embora, nós tentamos desesperadamente esconder ou tampar os buracos que esta pessoa deixou, tentamos ser outra pessoa como se isso fosse fazer a falta de alguém desaparecer de nossas vidas.

Mas, é justamente o contrário, devemos aceitar a falta dessas pessoa e continuar a seguir em frente sem tentar mudar o que somos ou esconder o que sentimos. Sentimentos não podem ser abafados, mas podem ser transformados com o tempo. Ao finalmente aceitar e desabar os seus sentimentos, Laurel começa a se conhecer melhor e aprender a lidar com os traumas do passado.

"Cartas de Amor Aos Mortos" por vezes tem uma temática pesada e profunda, mas bastante tocante e bela. A narrativa sempre muito poética e reflexiva envolve nossa mente e os nossos corações. Outro ponto positivo do livro é a narrativa fluída, sem muitos rodeios no ritmo da história.
Uma leitura obrigatória aos leitores sensíveis.


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